Tenho a idade em que as coisas
são vistas com mais calma, mas com o interesse de seguir crescendo.
Tenho os anos em que os sonhos
começam trocar carinhos com os dedos e as ilusões se transformam
em esperança.
Tenho os anos em que o amor, às
vezes, é uma chama louca, ansiosa para se consumir no fogo de uma paixão
desejada. E em outras, uma corrente de paz, como um entardecer na praia.
Quantos anos tenho?
Não preciso de números para
marcar, pois meus anseios alcançados, as lágrimas que derramei pelo caminho, ao
ver meus sonhos destruídos…
Valem muito mais que isso.
Não importa se faço vinte,
quarenta ou sessenta!
O que importa é a idade que eu
sinto.
Tenho os anos de que preciso para
viver livre e sem medos.
Para seguir sem medo pelo
caminho, pois levo comigo a experiência adquirida e a força de meus anseios.
Quantos anos tenho? Isso não importa a ninguém!
Tenho os anos necessários para
perder o medo e fazer o que quero e sinto.
José
Saramago
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