quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Psicologia do Esporte


Será que a Copa acabou?

Nunca nesse país se falou tanto em psicologia no futebol e suas influências dentro e fora de campo. Nunca houve tantas entrevistas, nunca a psicologia dos esportes esteve em evidência. Nunca os psicólogos do esporte foram tão procurados para comentarem nos veículos de comunicação mundo a fora. É muito importante esse tipo de divulgação, porque a maioria das pessoas nem sabem o que é a Psicologia do Esporte. Em muitos momentos falou-se mais de psicologia do que propriamente de futebol. 

Não faltou assunto para ser observado e debatido durante a competição. Falou-se sobre a mordida, sobre o choro dos brasileiros, sobre a emoção a flor da pele durante o hino nacional, sobre a pressão que sofreram os jogadores, sobre as reações passionais das torcidas, sobre a goleada diante da Alemanha e outros temas. Não faltaram comentários em todos os locais, da mesa de bar às mesas redondas de programas esportivos, hipervalorizados pelos ânimos exaltados das redes sociais. Expressões como: emocional, concentração, frieza, ansiedade, loucura, medo, angústia, estresse, resiliência, superação, motivação, perfil, personalidade, coesão de grupo, lideranças etc., tornaram-se vocabulários corriqueiros durante todo o mundial.

As divergências de opiniões entre profissionais da área também contribuíram para o debate, e amplamente exposto na mídia. Conceitos diferentes enriquecem as discussões e engrandecem a ciência.  Existem várias maneiras de atuação na psicologia do esporte, e também muitos olhares para o mesmo fenômeno. A pluralidade  de teorias sobre o mesmo comportamento é imprescindível para entender a complexidade do ser humano e suas interações. Contudo, foi bem positivo para todos os interessados na psicologia do esporte a exposição nos meios de comunicação da atuação da Profa. Dra. Regina Brandão junto à seleção brasileira de futebol.

A seleção brasileira em nenhum  momento da competição foi uma equipe convincente. Os jogadores estavam extremamente pressionados por jogar em casa, por já terem perdido uma Copa aqui e não havia outro resultado esperado pelos torcedores e pela mídia a não ser a vitória. Certamente não é fácil sustentar a expectativa e a pressão de 200 milhões de brasileiros e todo o contexto político e social que envolve o futebol no Brasil. O fantasma de 1950 rondou os atletas de 2014. Percebeu-se isso em diversas ocasiões, no choro e na emoção dos jogadores. O choro em si não é necessariamente ruim, ele pode ser sintoma de algo. O aspecto emocional também foi um dos problemas da seleção, mas faltou igualmente uma preparação dessa equipe, o que ficou escancarado, principalmente na derrota para a Alemanha. O grupo de atletas parecia coerente, mas havia diferentes tipos de lideranças. Mas líderes e liderados também falham. Via-se um time pouco treinado e nada seguro.
Não podemos separar em compartimentos uma atuação que pertence às partes técnica, tática, psicológica e/ou física. São fatores interdependentes e inter-relacionados. Não podemos encontrar culpados, mas sim resultados.

A seleção da  Alemanha pode nos ensinar muito mais do que a vitória de 7×1. Eles possuem mais de 50 profissionais de diferentes áreas de atuação fazendo parte do grupo de apoio e suporte aos atletas e à comissão técnica. Dentre eles, um departamento de psicologia do esporte, liderado pelo Dr. Hans Dieter Hermann. Lá, o psicólogo não é milagreiro ou salvador da pátria, é mais um profissional com respaldo e condições necessárias para aplicar o seu trabalho, como deveria ser em qualquer seleção de qualquer modalidade esportiva.

Por mais preparados que estejamos podemos sucumbir, pois o ser humano não pode ser programado como uma máquina. A grandiosidade do esporte se dá justamente nessa imprevisibilidade, e no futebol isso não é diferente. Os detalhes e as variáveis podem ser numerosos. Nem sempre as equipes mais capacitadas vencem: o brilho de um craque ou o erro do perna de pau pode destruir qualquer equipe. Nessa modalidade não faltam exemplos a que ilustrar essa verdade. Porém, essa não é a regra. Dessa vez, venceu o melhor time, o planejamento, a estrutura dentro e fora de campo, a parceria, a coletividade, a meritocracia. Deixaram um legado.
Com toda certeza venceram os melhores e temos muito que apreender!

Fonte:
www.esportes.estadao.com.br
www.psicologianoesporte.com.br



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