sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Quando o sexo não é bom!


Cerca de 12% da população brasileira sofre de transtornos sexuais e em algum momento 80% terão o desempenho sexual prejudicado. 

Estas avaliações foram feitas pelo Projeto Sexualidade (Prosex), que atende gratuitamente a população no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas/SP. Dirigido por uma equipe multidisciplinar que reúne psiquiatras, psicólogos, ginecologistas e urologistas, o Prosex realiza atividade de assistência médica, ensino e pesquisa.


Segundo Carmita Abdo  psiquiatra especialista em sexualidade no Brasil, uma pessoa que há mais de seis meses não tem desejo sexual ou incapacitada em obter orgasmo, pode estar precisando de um atendimento especial.

Num país onde a sexualidade sempre foi tratada como tabu, o resultado desse trabalho inédito é sem dúvida muito positivo do ponto de vista prático, psicológico,  social e educativo. Seus efeitos estão comprovados no livro Sexualidade Humana e seus Transtornos, organizado pela psiquiatra e professora da Faculdade de Medicina da USP Carmita Abdo, editora Lemos. "A sexualidade sempre foi tratada com amadorismo, opiniões pessoais e palpites, mas há alguns anos a professora Carmita resolveu enfrentar o problema com seriedade e metodologia científica".

Passaram pela triagem do projeto um total de 613 pacientes, sendo 411 homens e 202 mulheres. Apesar da busca masculina ainda ser maior, a procura feminina aumentou consideravelmente.
No primeiro ano, o Prosex recebeu 116 homens e 24 mulheres. "A indústria do orgasmo divulgada na mídia, invocando pareceres 'médico-científicos', onde o prazer sexual é um instrumento para se obter saúde, equilíbrio emocional e felicidade. A observação científica demonstra o contrário: somente as pessoas saudáveis, emocionalmente equilibradas conseguem, de fato, a plenitude da satisfação sexual", diz Carmita, e ainda acredita que a educação sexual deve ser feita de modo sintonizado com o desenvolvimento da pessoa.

Um educador, por exemplo, deveria conhecer as características sexuais de cada etapa do desenvolvimento e as dificuldades inerentes a estas para criar um programa específico para cada fase do crescimento infanto-juvenil. No entanto, os programas acabam passando noções de sexualidade fora do momento de interesse do indivíduo. No âmbito familiar é comum a transmissão das dificuldades sexuais de pais para filhos, quando os primeiros não recebem o tratamento adequado.

De acordo com a pesquisa, os transtornos sexuais resultam da combinação de fatores psicossociais, culturais e orgânicos. Dentre os dois primeiros, são salientados os conflitos gerados pela ansiedade acerca da sexualidade, a repressão sexual precoce e conflitos na infância, os quais se referem à relação da criança com seus pais, uma vez que representam o primeiro modelo de homem e mulher.
Quanto aos fatores orgânicos, são citadas as drogas e as doenças físicas. No caso das drogas, destaca-se desde alguns remédios para resfriado até cocaína e álcool. A infecção por certos tipos de secreção, por exemplo, produz dificuldades sexuais nas mulheres.

Portanto, a maioria das pessoas que procura ajuda, faz por uma única razão: quer  funcionar  sexualmente e ter uma vida completa.



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