quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O luto faz parte da vida



O luto é uma experiência angustiante, que faz parte da vida: certamente, em algum momento, vamos sofrer a perda de alguém.

Fala-se muito pouco sobre a morte, talvez porque hoje em dia se depara com ela menos frequentemente do que no passado. Antigamente a morte de um amigo, pai ou irmão, entre outros, era uma experiência comum nos primeiros anos de vida ou durante a adolescência. Atualmente estas perdas acontecem mais tarde no cotidiano, pois as pessoas vivem mais. Provavelmente não se tenha tempo ou mesmo interesse em aprender a lidar com o luto através do saber, sentir, fazer acontecer e/ou aceitar a perda de alguém que se queira bem.

O processo de luto se dá sempre que há uma perda significativa, principalmente de alguém que se ama muito. Trata-se de um conjunto de sentimentos que necessitam tempo para serem elaborados e jamais deve-se apressar essa assimilação. Apesar das diferenças culturais, a forma como se vivencia o luto é semelhante. Embora se dê geralmente depois da perda de alguém muito importante, o mesmo poderá surgir noutras ocasiões, como por exemplo, depois de um aborto, da morte de um recém nascido ou a perda precoce de um filho.

Nos dias seguintes à morte a maioria das pessoas passa por uma fase de descrença, ficam confusas, como se não pudessem acreditar no acontecido. Mesmo quando a morte era esperada, este sentimento pode surgir como um torpor ou dormência emocional. Observar o corpo da pessoa falecida para alguns pode ser um modo importante de começar a ultrapassar tal situação. Durante o velório e o enterro a realidade começa a ser encarada. Apesar de ser muito difícil lidar com este fato, surge o momento de dizer adeus àquele que tanto se ama.

Depois desta etapa poderá surgir um período de grande agitação, ansiedade e tristeza pelo que foi perdido. Ocorre um sentimento, por vezes fantasioso, ao desejar reencontrar a pessoa amada, “seja de que maneira for”. Não consegue relaxar, dormir ou concentrar-se em alguma tarefa. Os sonhos tendem a ser confusos e "ver" a quem perdeu na rua, em casa ou em qualquer lugar que faça lembrar da pessoa amada traz  esperança e acalma a dor da saudade. Frequentemente, a pessoa em luto sente-se zangada, revoltada e amargurada na tentativa de encontrar os culpados pela morte do seu ente querido.

Outro sentimento muito presente é a culpa: pensar em tudo aquilo que poderia ter feito e/ou dito para impedir a morte. É geralmente um acontecimento que está além do controle e a pessoa em luto deve ser lembrada disto. A culpa também pode surgir depois do alívio pela morte de alguém que era muito querido, mas que estava sofrendo. Este sentimento é normal, compreensível e muito comum.
Apesar da agitação cessar, os períodos de depressão tornam-se mais frequentes e atingem o seu máximo passadas quatro a seis semanas da perda. Crises de choro e angústia intensa podem surgir a qualquer momento ao lembrar daquela perda. Algumas pessoas podem não perceber estas crises ou ficar sem saber o que fazer quando isto acontece. A pessoa em luto poderá evitar outras pessoas, mas essa atitude pode trazer problemas futuros: será melhor que volte à sua rotina o mais rapidamente possível. Durante este período, pode parecer estranho que a pessoa em luto passe muito tempo introspectiva: ela está pensando em quem perdeu, recordando constantemente os bons e os maus períodos juntos. Esta é uma fase silenciosa e essencial à elaboração do luto.

À medida que o tempo passa, a angústia intensa resultante do luto começa a desaparecer. A depressão atenua-se e será possível finalmente começar a pensar em outros assuntos e até em projetos para o futuro. No entanto, o sentimento de perda nunca desaparecerá por completo. Depois de algum tempo, deve ser possível sentir-se de novo "completo", apesar de faltar sempre uma parte de si que nunca será substituída, e principalmente quando se trata da perda de um filho.

Buscar ajuda de profissionais especializados tende a minimizar tamanha dor e dar um sentido à vida.

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