
Mas que critérios os autores consideraram para
determinar o “grau de sabedoria” dos voluntários? Conforme o psicólogo Igor
Grossman, coordenador da pesquisa, esclareceu em artigo publicado em Psychological Science ,
ele e sua equipe criaram um questionário que media a capacidade de lidar com
conflitos e de vê-los por vários aspectos – algo que, segundo a literatura
científica, está intimamente relacionado ao que chamamos de sabedoria.
Os voluntários dos dois países leram notícias de
jornais sobre conflitos armados entre grupos que pensam de modo diferente e
também histórias fictícias de brigas entre marido e mulher, amigos ou colegas
de trabalho. Em seguida, responderam a perguntas como “O que você acha que vai
acontecer com eles?” e “Por que você acha que este será o desfecho?”. Ao
analisarem as respostas, os pesquisadores se concentraram nos seguintes
quesitos, nesta ordem de importância: levar em conta as perspectivas de cada
lado; reconhecer que uma ou ambas as partes podem rever formas de pensar e
agir; considerar mais de uma solução para a questão; ponderar que não
necessariamente há um lado certo e outro errado; atentar para um possível
compromisso assumido antes do desentendimento e predizer uma resolução para o
problema.
Como esperavam, os psicólogos verificaram que
tanto idosos americanos como japoneses tiveram desempenho semelhante. Mas a
diferença foi evidente entre os mais jovens e de meia-idade das duas culturas –
japoneses revelaram, em média, mais intimidade com os quesitos relacionados
pela equipe de Grossman à sabedoria, principalmente quando analisaram conflitos
entre duas pessoas apenas.
“A explicação para isso são os valores
culturais. Japoneses, por exemplo, tendem a priorizar a coesão social, mesmo
que isso implique abdicar de ‘ganhar’ uma discussão”, diz Grossman, e afirma
que a máxima “a sabedoria vem com os invernos”, eternizada por Oscar Wilde, não
passa de estereótipo muito aceito tanto nas sociedades ocidentais como nas
orientais. A valorização de comportamentos relacionados à sabedoria, porém,
pode estimulá-los – independentemente da idade.
Portanto cultura e sabedoria caminham juntas em
qualquer civilização.
Fonte: Mente e Cérebro
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